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"Girl power" discurso ou construção

 

Após três longos anos a economia ensaia uma tímida reação – o suficiente para encher de esperanças o coração de milhares de brasileiros que estão em busca de uma oportunidade no mercado de trabalho. E com elas as discussões em torno de equidade de gênero. O termo “girl power” tem sido mote para longos debates, no terreno fértil da internet. Há quem defenda que o empoderamento feminino esteja sendo usado de forma equivocada pela publicidade para a criação de mais um estereótipo vazio. Enquanto outros estão preocupados em garantir que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades, no que diz respeito a carreira e renda.

 

Fato é que os mais variados estudos feitos em todo o mundo mostram uma diferença alarmante no comparativo de participação entre homens e mulheres no mercado de trabalho. São poucas, para não dizer raras, as mulheres que alcançam altos cargos hierárquicos dentro de uma empresa. E ainda mais raros os casos em que, já no patamar mais alto, o salário condiz com sua função.

 

De acordo com estudo desenvolvido pela Women in the Workplace 2017, promovido pela consultoria McKinsey, há uma falsa ideia de que a busca pela equidade de gênero seja pauta diária no mundo corporativo. Os números da pesquisa, feita com base no mercado de trabalho americano, sugerem que pouco ou quase nada tem sido feito.

 

Em um comparativo entre homens e mulheres brancas em cargo de vice-presidência, a participação masculina é de 70%, enquanto a feminina é de 18%. Os números mostram que além de gênero a desigualdade racial prejudica os acessos, realidade parecida com a que temos no Brasil. Na comparação entre homens e mulheres negras/ latinas, a discrepância se mantém, sendo 9% de homens americanos no cargo contra 4% do público feminino.

 

Além de trazer igualdade, aumentar a participação feminina no mercado de trabalho ainda traria consequências positivas para a economia. De acordo com o estudo Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo – Tendências para Mulheres 2017, da Organização Internacional do Trabalho, a redução das diferenças de gênero poderia aumentar o PIB brasileiro em 3,3% ou 382 bilhões de reais, e acrescentar 131 bilhões de reais às receitas tributárias. Para isso, seria necessário atingir em 25% a desigualdade na taxa de presença das mulheres no mundo do trabalho até 2025, compromisso já assumido pelos países que compõem o G20.

 

Os dados da pesquisa mostram que o “girl power” precisa sair do discurso para, de fato, se tornar uma construção. E construir o espaço para a “mulher poderosa” não se faz do dia para noite. Ainda há tempo. Porém é preciso começar. 

Mulheres em ação no Dia das Mães

 

O dia das mães sempre estimula reflexões sobre a função da maternidade na família e o papel da mulher na sociedade e no trabalho.

 

Falar sobre a importância da mulher é uma abordagem que, ao mesmo tempo, discute o óbvio e estimula uma diferenciação de gêneros, uma vez que todos os seres humanos são importantes dentro das suas características pessoais.

 

Já está mais do que na hora de abandonarmos qualquer resquício de discriminação e não perdermos mais tempo discutindo a relevância inequívoca da mulher em todos os aspectos da vida.

 

Felizmente, este pensamento está presente em um número cada vez maior de organizações, embora ainda esteja longe de ser a maioria. A mulher tem sido mais valorizada por sua capacidade profissional, mas a realidade mostra que em muitas empresas a remuneração não segue uma isonomia entre os sexos. Os homens, na média, recebem salários mais altos para exercerem a mesma função que as mulheres.

 

A maioria da população brasileira é do sexo feminino, representando 51,4% do total. No entanto, de acordo com uma pesquisa realizada pelo IBR – International Business Report, apenas 11% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres.

 

Um dos pontos positivos dessa pesquisa é que ela mostra que esse percentual vem aumentando, o que significa que mais espaços profissionais têm sido abertos para as mulheres, em uma clara demonstração de que a diversidade, cada vez mais, vem se firmando como uma realidade nas empresas.

 

E porque isto é positivo? Porque a diversidade gera complementariedade, capaz de criar equipes de trabalho de alto desempenho, contando com as principais características de cada um dos gêneros: feminino e masculino.

 

As organizações têm muito a ganhar quando mantêm abertos os caminhos do desenvolvimento de carreira para as mulheres e as mães profissionais que, além da capacidade técnica, carregam em seu DNA a força transformadora da maternidade, mesmo que não tenham filhos.

 

Porque, como já disse uma das mais importantes estilistas do mundo, a belga Diane von Furstenberg: “Ainda não conheci uma mulher que não seja forte. Elas não existem”.

A liderança feminina no mundo corporativo

 

Exercer um cargo executivo é o objetivo de diversos profissionais, mas essa conquista se limita a um percentual ainda baixo de mulheres. Isso porque, apesar da atuação da mulher, no cenário corporativo são poucas as que conseguem ocupar as cadeiras da alta chefia e, quando conquistam, deparam-se com uma liderança isolada e muitas vezes sem perspectivas.

 

Romper a barreira de gênero e alcançar cargos de chefia exigem esforço e dedicação, e aquelas que atingem o auge em suas carreiras se veem a todo momento tendo que mostrar sua capacidade e eficiência. Em contrapartida, ao assumir esses cobiçados postos, precisam lidar com o isolamento em razão da falta de abertura do mercado para posições ocupadas por mulheres. Dados do International Business Report apontam que, no Brasil, o percentual de cargos executivos ocupados por mulheres é de apenas 19%, muitas vezes decorrente da falta de condições apresentada pelas empresas, como também da existência de ambientes desiguais.

 

Por causa desse cenário, muitas mulheres estão reaprendendo a comandar e tornando-se líderes, no sentido exato da palavra: são capazes de influenciar as ideias e ações de outras pessoas, sem se isolar no comando. Mas, para obter sucesso nessa empreitada, precisam mostrar que podem exercer a liderança focada em pessoas e não em gênero, rompendo com o tabu que certos cargos e empresas ainda mantêm.

 

Em outras palavras, a valorização de cargos ocupados por mulheres não implica renegar o modelo masculino, mas o ideal é que, em todos os níveis das empresas, existam 50% de homens e 50% de mulheres. Esse equilíbrio é que torna o ambiente rico e favorece o máximo de produtividade.